6 de junho de 2007

Herman fala das suas férias à TV7Dias


Na estreia de mais uma rubrica na sua revista favorita, O “ verdadeiro artista” relata-nos na primeira pessoa os seus destinos de sonho. E até revelou para onde iria gozar a reforma, se tivesse sorte ao jogo!

Dar umas saltadas até ao estrangeiro durante o ano, é para mim essencial para dar sentido à vida, enriquecer-me profissional e culturalmente, e permitir-me o luxo de recuperar - ainda que temporáriamente - esse privilégio máximo chamado anonimato.
Dos muitos sítios que visitei, das muitas emoções que vivi, as mais fortes foram passadas a bordo, cozinhando para os amigos, preguiçando ao sol nas aguas opalinas ao largo de Formentera (Baleares), cruzando-me no mesmo dia com o veleiro de cortar a respiração do João Pereira Coutinho, com o Baglietto atrevido do Roberto Cavalli, ou com o bom gosto discreto do "Blue One" do Valentino.
Regressar à marina de Botafoch ao fim do dia, com o sol a por-se por detrás de Ibiza ao som do Michael Franks, será porventura a mais mágica das experiências, e de tudo o que me lembro, o que mais se aproxima da felicidade absoluta. Foram também ocasiões para cimentar a amizade com pessoas que muito estimo e que transformei em tripulantes de ocasião, das quais destaco a minha querida Mariza, que numa travessia atribulada de Menorca para a Sardenha, provou ser tão boa marinheira quanto fadista.
Nessa noite, vingamos as nossas atribulações marítimas, num risotto memorável regado a Prosecco no restaurante do Hotel Capo di Volpe, ao som da música do Ricardo Cocciante. E já que falo de Itália, é dificil esquecer o Lago di Como, e a minha suite romantica e recorrente em Villa D'Este, onde geralmente vou dar as boas vindas à Primavera e matar saudades das flores de "Zucchini" recheadas com pasta de cogumelos frescos. O hotel tem uma piscina flutuante construida em cima do lago, que proporciona das mais espantosas emoções. Na pequena vila, foi uma sensação descobrir o George Clooney - que tem um nada discreto "palazzetto" por aquelas bandas - a comprar... roupa interior na loja dos Dolce, no meio de muita gente esforçando-se por disfarçar a comoção.
Finalmente, uma palavra para Nova Iorque. Em qualquer altura do ano. A minha Disneyworld privada, onde me perco em longos passeios a pé, a caminho dos meus espectáculos na Broadway, dos meus concertos do Madisson Square Garden, dos meus restaurantes favoritos de há mais de vinte anos, dos meus saldos no terceiro andar do Bergdorf, do meu menu de dégustation de trufas brancas em Novembro no Alain Ducasse (que vai mudar do Essex House para o Saint Regis - está quase a reabrir), das minhas noites de jazz até às tantas (prezo-me de já ter cantado o Alfie no Blue Note acompanhado pelo imortal George Shearing), dos reencontros de velhos amigos entre o Soho e o Meatmarket... Ai se me saísse o Euromilhões eu bem vos dizia quem é que se reformava em dois minutos e repegava a vida a partir de um duplex na Park Avenue, igual àquele do Alan Alda e da Goldie Hawn que aparece no filme "Everybody Says I Love You" do Woody Allen...
Assim, resta-me fechar os olhos sempre que me sinto deprimido por viver num País disfuncional, e viajar ao som da "Rhapsody In Blue" do Gershwin - isto enquanto os sonhos não pagarem impostos, claro. Herman José

2 comentários:

Anónimo disse...

Diz o tio Herman: "(...)Ai se me saísse o Euromilhões eu bem vos dizia quem é que se reformava em dois minutos e repegava a vida....". Há males que vêm por bem, e assim, continuamos a ter o verdadeiro artista!

IsabelCunha disse...

Não poderia concordar mais com o Jorge!
Desculpa lá Herman, mas se
é para te reformares, melhor seja que nunca te saia o euromilhões porque este país disfuncional precisa muito de ti!